16/09/2012

A Cura de Um menino possesso: Os Encontros de Jesus - Dia a Dia com Deus...


DA PRATICA ECLESIOLOGICA AO MINISTÉRIO PASTORAL PARA A PESSOA COM DEFICIÊNCIA


O mundo pós-moderno tem falada sobre muitos assuntos e muitos deles tem gerado discussão no meio evangélico e promovido debates que tem em muito contribuído para o desenvolvimento teológico da nossa nação, mas ele também fala de assuntos que a igreja como um todo não tem abordado de forma eficaz e integral, por ignorância acerca do mesmo ou por discriminação e preconceitos, então, este trabalho dará uma ênfase a pessoa com deficiência e a igreja pós-moderna e como ainda estamos deficientes neste aspecto. O que se vê hoje são lugares ou igrejas que enfatizam a pessoa com deficiência, porem de uma forma pejorativa ou estigmatizada, por que em muitos aspectos as ênfases estão na cura deste individuo cura física, ênfase esta que por vezes semeia na mentalidade de seus fieis uma visão distorcida acerca da necessidade espiritual que também tem a pessoa com deficiência.
   Em nossos dias somos acometidos por muitas leis e declarações doutrinárias das mais diversas em nosso país fruto das inúmeras interpretações existentes no contexto brasileiro e latino americano. A historia tem uma trajetória de mudanças fantásticas, no que se refere a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade, mas em nossas igrejas ainda faltam adaptações estruturais e profissionais qualificados para a execução de trabalhos realmente significativos em meio a sociedade que ainda é opressora e discriminatória.
Nossas igrejas ainda não tem se adaptado às necessidades de muitas pessoas com deficiência. Faltam rampas em lugares visíveis, banheiros com portas mais largas e com identificações em braile.
Muito se tem comentado sobre a inclusão na sociedade, em nosso contexto, e a igreja tem estado a mercê de muitas decisões governamentais, mas tais eventos sociais pouco tem motivado as instituições eclesiásticas a discutirem sobre esta problemática, inclusão. Muitos pensam que a igreja por ter uma filosofia inclusiva. Isso para pessoas deficientes de alma e espírito, automaticamente já está preparada para receber pessoas com deficiência, mas sabe-se que isto não é uma realidade vista no Brasil eclesiástico, mas como melhorar este quadro anti-bíblico? Pois a palavra de Deus tanto no antigo quanto no novo testamento mencionando a pessoa com deficiência e nos inspira a viver o amor de Deus.
Nossas igrejas pouco se preparam e muitas falham em suas estruturas, refiro-me a material direcionado, adaptações estruturais e doutrinárias. Muitas igrejas pensam em rampas quando aparece um cadeirante ou em intérprete de LIBRAS quando um surdo os visita. Material em braile não é realidade em nossas livrarias, mas o que falar sobre as centenas de anos que foram pregadas mensagens que os surdos não compreenderiam a palavra por que sua capacidade mental era limitada a gestos incompreensíveis e não se fez absolutamente nada para mudar as vidas de muitos deficientes visuais que tem muitas dificuldades para entender a palavra porque antes de Louis Braile ,inventor do método braile, não tinham chance de ler a palavra de maneira compreensiva.
Segundo Crespo substituir essas imagens equivocadas por uma outra mais real não é tarefa fácil, principalmente, porque o preconceito que existe na sociedade em relação as pessoas com deficiência, obviamente, também foi introjetado pelos próprios “deficientes” que, sem perceberem a armadilha que isso significa, assumem para si essas imagens estereotipadas e passam a adotar posturas tão injustas para si mesmos quanto totalmente contraproducentes para a causa das pessoas “deficientes”. Portanto, a conscientização da sociedade sobre quem são realmente as pessoas com deficiência tem de incluir, necessariamente, os próprios “deficientes”. (CRESPO, 2009)
Muitos “deficientes” têm o desejo intenso de superação, no mercado de trabalho, nas escolas ou universidades e até mesmo nas áreas teológicas das mais diversas, mas para que isso aconteça necessário é que estas instituições comecem a pensar nas melhores formas de adaptação para as pessoas com deficiência, afim de não infligirem a palavra de Deus e as leis vigentes no nosso país.
Tais iniciativas governamentais ainda não impactaram os âmbitos eclesiásticos, em função desta falta de agressividade legalista. Ainda estamos inertes aos sentimentos igualitários e de valor da pessoa desvalida de liberdade de ir e vir. Conquistada em baixo de lágrimas de familiares e amigos que pensavam como, homens e mulheres que viam seus filhos sofrendo em seus lares e não podendo fazer absolutamente nada para que os seus pudessem desenvolver todo o seu potencial cognitivo, pois sempre foram vistos pela sociedade e também pelas igrejas como ineficientes e improdutivos.
Quando pensamos nas ortodoxias da igreja e nas concepções teológicas sobre a liberdade de ir e de vir da pessoa com deficiência na igreja esbarramos em um mito religioso sobre evangelismo para todos e através de todos. Uma igreja que tem este aspecto, o aspecto evangelístico, não pensa ou planeja este evangelismo para a participação de seus membros com dificuldades de comunicação e locomoção em todos os aspectos. Porque não estimulamos a valorização do humano como Jesus fez em seus dias  com muitas pessoas que pela tradição e pelos religiosos eram ignorados. Será que não somos parecidos com estes religiosos?
De acordo com Ferreira “A igreja de Cristo, como qualquer organismo espiritual, realiza funções básicas que lhe dão vitalidade. Essa vitalidade espiritual surge em decorrência das funções basilares e essenciais que ela executa, adoração, evangelização, educação e ações beneficentes. (FERREIRA, 2002, pg. 45)
Chega a ser um absurdo o fato de não termos nenhum tipo de regimento interno que mencione os direitos das pessoas com deficiência no seio da igreja e envolvido no meio de princípios bíblicos. Será que compreendemos o que o mestre falou sobre ir a todos os povos e anunciar as boas novas?  O que significa isto para alguém que passa seus dias em uma cadeira de rodas? Ou alguém que vive em um mundo de silêncio absoluto ou aquele em que o crepúsculo nunca cessa? Ou mesmo aqueles que têm suas faculdades mentais deficientes acabam por ter também deficiência de amor cristão? Eles precisam andar em direção a Jesus, mas quem os guiará? Eles precisam ouvir as palavras doces do mestre, mas quem falará? Eles precisam contemplar a glória de Deus, mas quem mostrará? 
Nesse contexto, o direito a eliminação de barreiras arquitetônicas, as limitações de leitura e de comunicação é papel da igreja local é dever dos membros das igrejas promover a acessibilidade de tais pessoas em meio a tanta discriminação e desfavorecimento no conhecer a Jesus para ser livre de todos os estigmas que a história e a sociedade os impunha. 
Não se trata, portanto, de exigir uma abstenção do ente estatal para que o direito não sofra uma interferência, tal como a primitiva ideia de liberdade, mas exatamente o contrário. Está-se diante de uma típica necessidade de intervenção da igreja para a consecução de um direito. Trata-se da necessidade daquele atuar positivamente no sentido de promover as ações necessárias à garantia dos direitos da pessoa com deficiência a palavra de Deus e a uma relação com outras pessoas dentro de uma comunidade de fé.
De acordo com Fisher a vocação para o ministério pastoral deve com toda certeza incluir a convicção de que o evangelho é a resposta para as necessidades de todos os pecadores, isso inclui as pessoas com deficiência que vivem a mercê de uma sociedade que somente a exclui, porem este papel de incluir é da igreja e a figura do pastor é crucial para este fim (FISHER, 2001)
Nesse sentido, qual o significado e força desta afirmação e como ela se encaixa no contexto eclesiástico à integração social das pessoas com deficiência? A resposta passa obrigatoriamente pelo direito à saúde, ao trabalho - protegido ou não - à vida familiar, à eliminação de barreiras arquitetônicas, ao transporte, à educação, ao lazer e à seguridade social e clara sem sombra de dúvida ao direito conquistado na cruz do pleno conhecimento da palavra de Deus.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
É sensato, com isso, afirmar que se a pessoa com deficiência tem direito a um tratamento especial de saúde ou à criação de programas de educação especial ou, ainda, ao acesso livre a qualquer local, por meio da eliminação das barreiras arquitetônicas e ou de comunicação deveríamos entender que no contexto eclesiástico esta regra que hoje tem se tornado comum na sociedade seja também presente, pois a mesma não fere em nada aos ditames bíblicos e assim como muitos profissionais estão se preparando para melhor atender essas pessoas os pastores e líderes também precisam conhecer e saber usar as linguagens especificas para cada categoria.
Pela sensibilização do que foi dito anteriormente, você já estará contribuindo decisivamente para a superação de preconceitos seculares que envolvem as pessoas com deficiência. Não pense no que você não pode fazer, pense o contrário, que a sua participação será sempre importante e que é papel da sua igreja receber estas pessoas como se Jesus estivesse vivendo por você e seu pastor pode e deve o primeiro a absorver esta verdade. Nossas igrejas precisam de pessoas dispostas para colheita, levantem os olhos e vejam os campos, pois é estão bem branquinhos há muito tempo esperando alguém para ceifá-los, e esse alguém está representado pela igreja local e as pessoas que a compõem.


BIBLIOGRAFIA:

AMARAL. L.A. Pensar a diferença/deficiência. Brasília, CORDE, 1994.
CANZIANI, Maria de Lourdes. O trabalho e a pessoa com deficiência 2 ed. Curitiba, Opus e Múltipla Comunicações, 1999
CRESPO, Ana Maria Morales. Pessoa com deficiência e a construção da cidadania. São Paulo, Anais do XXVI Simpósio Nacional de História, 2009
FERREIRA, Ebenézer Soares. Manual da igreja e do obreiro 9 ed. Rio de Janeiro, JUERP, 2002
FISHER, David. O pastor do século 21. São Paulo, vida nova, 2001
Instituto Nacional de Geografia e Estatística, Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=438&id_pagina=1  Acesso em 20 de setembro 2012
MORAES, Denise de Oliveira, Martins José e etc...Conhecendo e compreendendo a pessoa com deficiência 3 ed. Curitiba, Imprensa Municipal, 2006