25/01/2010

Lidando Com a Preocupação



O que você faz quando enfrenta situações que parecem estar além de seu controle? Talvez os negócios não estejam indo bem. Quem sabe você esteja enfrentando dificuldades financeiras ou uma situação pessoal que parece desafiar sua determinação. O que você faz? Preocupa-se?



A Bíblia oferece uma perspectiva muito interessante a respeito e sugere que, ao invés de preocupar-nos, deveríamos simplesmente ser gratos: “Não andem ansiosos (não se preocupem) por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus” (Filipenses 4.6). Vamos examinar esse conselho:



1. Não se preocupe com nada. A preocupação não muda nenhuma situação. É deixar-se “cozer em fogo lento”. Não existe ninguém que seja preocupado “de nascença”. Preocupar-se é uma atitude que se aprende. Você provavelmente aprendeu isso com seus pais, seus colegas ou através de sua própria experiência. A boa notícia é: já que preocupação é algo que se aprende, pode também ser desaprendido. Jesus disse: “Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações.Basta a cada dia o seu próprio mal” (Mateus 6.34).



2. Ore por tudo. Use o tempo que você gastaria se preocupando em oração. Se você orasse tanto quanto se preocupa teria muito menos com o que se preocupar. Algumas pessoas acreditam que Deus somente está interessado em saber quantas pessoas frequentam a igreja ou quanto dinheiro doamos para obras religiosas. Ele, porém, está interessado em todas as coisas, até mesmo com o pagamento da parcela do carro e as dores nas articulações. Ele tem cuidado com cada detalhe da nossa vida. Isto significa que podemos apresentar-Lhe qualquer problema que estivermos enfrentando.



3. Agradeça a Deus por todas as coisas. Sempre que orar, faça-o com gratidão. A emoção mais saudável do ser humano, segundo especialistas em psicologia, não é o amor, mas sim a gratidão. Ser grato, na verdade, aumenta a nossa imunidade: nos torna mais resistente ao estresse e menos suscetível à doença. Pessoas gratas são pessoas felizes. Por outro lado, pessoas ingratas são miseráveis porque nada as deixam felizes. Nunca estão satisfeitas; nada é bom o bastante. Portanto, se você cultiva uma atitude de gratidão e aprende a ser grato por tudo, isso reduz o estresse em sua vida.



4. Pense nas coisas certas. Se você quer reduzir o nível de estresse em sua vida, você precisa mudar sua maneira de pensar. Seu modo de pensar determina como você se sente, o que, por sua vez, determina suas ações. Assim, se você quer mudar sua vida é necessário mudar o objeto de seus pensamentos. Isso requer uma escolha deliberada e consciente. Você muda os canais de sua mente como muda os canais de sua TV. Você pode escolher pensar nas coisas certas, concentrar o foco sobre o que é positivo e na Palavra de Deus. Por que você deveria fazer isso? Porque na sua forma de pensar está a causa principal de seu estresse. Pense de modo apropriado e positivo e você irá minimizar o estresse em sua vida.



Quando deixamos de preocupar-nos, oramos por todas as coisas, somos agradecidos e concentramos o foco nas coisas certas, o apóstolo Paulo nos assegura que o resultado é: “A paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus” (Filipenses 4.7).

Por Rick Warren

17/01/2010

Tragédias e Deus




O ano apenas começou e já enfrentamos muito sofrimento e mortes causados pelas
chuvas, mas a dor não tem atingido apenas nosso país. Um onda de frio provocou
caos na Europa, Estados Unidos e China. O governo da Austrália decretou estado
de desastre natural. No Haiti, pessoas que perderam suas casas, parentes e
amigos em menos de um minuto agora vagam pelas ruas que se transformaram num
gigantesco campo de refugiados, onde milhares de flagelados gritam ao mundo
pedindo água, comida e medicamentos.


Diante dessas tragédias imagino que você possa ter algumas perguntas:

Onde está Deus? Por que Deus permitiu? Deus poderia ter evitado? Será que Deus
não viu o que iria acontecer?


Uma das coisas mais difíceis para nós, pessoas que conhecem Jesus, é conciliar
tragédia com graça e providência de Deus. Estas perguntas vêm ao nosso coração
nestes momentos e não são fáceis de responder, nem possuem realmente uma
resposta personalizada, mas podemos lidar com elas dentro de algumas das
verdades ensinadas pela Palavra de Deus:


1 “No mundo tereis aflições, mas não se desanimem, eu venci o mundo” – João
16:33 - Por causa de Jesus as tragédias não determinam o fim de nossas vidas.
Elas podem até determinar o fim dos nossos corpos, mas não fim das nossas
vidas! Porque Jesus está vivo, Ele nos socorre e não nos deixa vencidos pela
dor para sempre.


2 “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” – Nenhuma
tragédia nos dominará permanentemente, Deus sempre nos trará uma saída,
conforto e esperança. Salmo 30:5b


3 Deus é soberano para mudar o curso da história e de acontecimentos – Ele
reina absoluto sobre todas as coisas e tem poder absoluto sobre tudo –
Apocalipse 4:11 e Tiago 5:16-18


4 Deus faz escolhas segundo seu propósito - Romanos 9.13-24

(Deus poderia ter impedido, mas em sua soberania não o fez,
segundo o seu propósito)


5 Deus responde as orações segundo seu propósito - Efésios 3.20


6 Deus conforta e cura a dor de seus filhos - Salmo 147.3


7 Deus nos sustenta em toda tribulação - II Coríntios 1.4


8 Deus em sua atuação soberana deixa-nos entender algumas coisas e outras não
- Deuteronômio 29.29


Nestes momentos, nossa âncora tem que estar firmada em alguém superior a nós,
que tenha todo o poder sobre todas estas coisas, que seja nosso abrigo. Mais
do que isto, alguém que além de ter o controle sobre tudo, tenha o amor para
nos ouvir e andar conosco no meio da tribulação. Este alguém só pode ser Deus!


Podemos não entender algumas coisas que Deus faz ou deixa acontecer, mas
podemos crer que se estas coisas nos afetam, Deus estará conosco no meio delas
(Salmo 23.4). E embora pareça difícil de aceitar, Deus compreende os seus
sentimentos e entende as suas indagações. É natural se sentir:


Desesperado: “Aquilo que eu temia foi o que aconteceu, e o que mais me dava
medo me atingiu. Não tenho paz nem descanso, nem sossego; só tenho agitação” –
Jó 2:25-26


Irado: “Não posso ficar calado. Estou aflito, tenho de falar, preciso me
queixar, pois o meu coração está cheio de amargura” – Jó 7:11


Aflito: “Mês após mês só tenho tido desilusões, e as minhas noites têm sido
cheias de aflição. Essas noites são compridas; eu me canso de me virar na cama
até de madrugada e fico perguntando: Será que já é hora de levantar?” – Jó 7:3-4


A Bíblia não encobre a questão do sofrimento, ela nos apresenta pessoas
verdadeiras e sofrimentos verdadeiros, mas não é só isso, também nos mostra um
Deus que conhece, compreende e se importa. E as circunstâncias não podem mudar
o caráter de Deus!


Nosso grande teste é CONTINUAR CONFIANDO EM DEUS quando a vida parece
inexplicável e as coisas não fazem sentido. Crer que Deus não nos abandonou no
meio da doença, morte, falência, terremoto, seca ou enchente, requer de cada
um de nós dizer: “Eu creio, mas me ajude em minha falta de fé”. – Marcos 9:24


Ser sincero com Deus nos aproxima Dele, e no meio da dor seremos confortados.

Andar por fé é parte do nosso chamado, mesmo quando crer não fez sentido.


Ary Velloso

Assenos - Associação Evangélica Nacional de Obreiros com Surdos



NOVOS RUMOS PARA A ASSENOS!

Queridos Congressistas;

Depois de um longo período lutando na linha de frente da Assenos, podemos contabilizar muitas bênçãos. O Senhor em nada nos deixou fugir de nosso propósito inicial: divulgar e aproximar os ministérios. Desde quando iniciamos, muita coisa mudou na realidade brasileira. Graças a Deus que hoje possuímos ministérios com surdos em inúmeras igrejas evangélicas. Podemos dizer que por todo Brasil, ecoou os sinais da aproximação e do compartilhar em cada encontro estadual e em cada nacional.

Quando estamos aqui no X ENOS Curitiba 2008, lembramos do quanto ELE tem sido fiel e, por isso, podemos continuar trabalhando pois assim será.

Como Pastor, considero-me realizado ao ver o movimento caminhando no mesmo espírito voluntário do início, na mesma liberdade de não termos nenhum patrocinador, um político ou uma estrela que brilhasse mais que o obreiro. E olham que não faltam estrelas no nosso meio querendo virar constelação. Porém estou feliz.

Feliz porque não somos um prédio com escritórios, tesouraria, estatuto, código denominacional.
Estamos vivendo até hoje pela simples vontade de se reunir e esperar que Deus nos abençoe.
Cada estado que sedia o Enos pode oferecer o que tem de melhor e aqueles que desejam receber e ofertar, aparecem.

Feliz porque nunca elegemos o melhor intérprete do Brasil. Embora tenhamos muita imaturidade em nossas ações, não temos nos comprometido com a academia científica nem com o engessamento denominacional. Temos apenas caminhado e isso é glorioso!

Já vivemos encontros com quase 800 participantes. Já vivemos outros menores. Alguns passaram e deixaram boas marcas. Outros, se Deus permitir, desejamos o melhor em suas estradas.

Queridos.Reconheço também que minha hora, como presidente ouvinte, já passou e novas forças devem se juntar, novas lideranças surdas e ouvintes. No ENOS em Vitória já dava sinais quando fomos presididos pelo Pr. Silas - SP. Além disso, desde 2004 não estou mais liderando o ministério dynamis e venho lidando com a parte pastoral entre ouvintes, embora venha visitando igrejas para falar sobre o trabalho com surdos.

Tenho trabalhado indiretamente nessa área e Deus tem me direcionado para outros rumos sem me pedir que me afaste como colaborador mas apenas não seja o Presidente.

Dessa forma, aqui em Curitiba, formada a Assembléia Geral, por cada representante enviado pelos estados, as duplas serão apresentadas, daqueles que desejam concorrer à presidencia e também votaremos nos demais cargos que se fizerem necessário.

Louvado seja Deus!
Prossigamos para o alvo rumo a soberana vocação em Cristo Jesus.

Pr. Artur - Goiânia GO

01/01/2010

AS 95 TESES DE LUTERO




Por amor à verdade e no empenho de elucidá-la, discutir-se-á o seguinte em Wittenberg, sob a presidência do reverendo padre Martinho Lutero, mestre de Artes e de Santa Teologia e professor catedrático desta última, naquela localidade. Por esta razão, ele solicita que os que não puderem estar presentes e debater conosco oralmente o façam por escrito, mesmo que ausentes. Em nome do nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.
1. Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.
2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).
3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula, se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.
4. Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.
5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.
6. O papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi perdoada por Deus, ou, sem dúvida, remitindo-a nos casos reservados para si; se estes forem desprezados, a culpa permanecerá por inteiro.
7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.
8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.
9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.
10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.
11. Essa erva daninha de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.
12. Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.
13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.
14. Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais, quanto menor for o amor.
15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.
16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.
17. Parece desnecessário, para as almas no purgatório, que o horror diminua na medida em que cresce o amor.
18. Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontram fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.
19. Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza.
20. Portanto, sob remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.
21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.
22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.
23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.
24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.
25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.
26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.
27. Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].
28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.
29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas? Dizem que este não foi o caso com S. Severino e S. Pascoal.
30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.
31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.
32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.
33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Deus.
34. Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.
35. Não pregam cristãmente os que ensinam não ser necessária a contrição àqueles que querem resgatar ou adquirir breves confessionais.
36. Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão pela de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência.
37. Qualquer cristão verdadeiro, seja vivo, seja morto, tem participação em todos os bens de Cristo e da Igreja, por dádiva de Deus, mesmo sem carta de indulgência.
38. Mesmo assim, a remissão e participação do papa de forma alguma devem ser desprezadas, porque (como disse) constituem declaração do perdão divino.
39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar perante o povo ao mesmo tempo, a liberdade das indulgências e a verdadeira contrição.
40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, pelo menos dando ocasião para tanto.
41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.
42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.
43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.
44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.
45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.
46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.
47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.
48. Deve-se ensinar aos cristãos que, ao conceder indulgências, o papa, assim como mais necessita, da mesma forma mais deseja uma oração devota a seu favor do que o dinheiro que se está pronto a pagar.
49. Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.
50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto - como é seu dever - a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extraem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.
52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.
53. São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.
54. Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.
55. A atitude do papa é necessariamente esta: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.
56. Os tesouros da Igreja, dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.
57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.
58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.
59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.
60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que lhe foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem este tesouro.
61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos, o poder do papa por si só é suficiente.
62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
63. Este tesouro, entretanto, é o mais odiado, e com razão, porque faz com que os primeiros sejam os últimos.
64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é o mais benquisto, e com razão, pois faz dos últimos os primeiros.
65. Por esta razão, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.
66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.
67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tal, na medida em que dão boa renda.
68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade na cruz.
69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.
70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbidos pelo papa.
71. Seja excomungado e maldito quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.
72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.
73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,
74. Muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram defraudar a santa caridade e verdade.
75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.
76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados veniais no que se refere à sua culpa.
77. A afirmação de que nem mesmo S. Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o papa.
78. Afirmamos, ao contrário, que também este, assim como qualquer papa, tem graças maiores, quais sejam, o Evangelho, os poderes, os dons de curar, etc., como está escrito em 1 Co 12.
79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insignemente erguida, equivale à cruz de Cristo.
80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes conversas sejam difundidas entre o povo.
81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil, nem para os homens doutos, defender a dignidade do papa contra calúnias ou perguntas, sem dúvida argutas, dos leigos.
82. Por exemplo: por que o papa não evacua o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas - o que seria a mais justa de todas as causas -, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica - que é uma causa tão insignificante?
83. Do mesmo modo: por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?
84. Do mesmo modo: que nova piedade de Deus e do papa é essa: por causa do dinheiro, permitem ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, porém não a redimem por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta, por amor gratuito?
85. Do mesmo modo: por que os cânones penitenciais - de fato e por desuso já há muito revogados e mortos - ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?
86. Do mesmo modo: por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos mais ricos Crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?
87. Do mesmo modo: o que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à remissão e participação plenária?
88. Do mesmo modo: que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações 100 vezes ao dia a qualquer dos fiéis?
89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?
90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.
91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.
92. Fora, pois, com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo: "Paz, paz!" sem que haja paz!
93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo: "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!
94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno;
95. e, assim, a que confiem que entrarão no céu antes através de muitas tribulações do que pela segurança da paz.
1517 A.D.