09/10/2009
A vida do def. Visual
A escrita está acessível a qualquer cego, mesmo que ele desconheça o sistema Braille. Para isso, basta que o cego conheça os princípios básicos da dactilografia. Mas o problema da leitura permanece: como uma pessoa cega pode ler o que escreveu à máquina ou em papel? O sistema de escrita e, principalmente, de leitura Braille foi o primeiro a resolver essa questão. Através de um método lógico de pontos em relevo, distribuídos em duas colunas de três pontos. Para cada símbolo ou letra, uma pessoa cega pode, mediante o tacto, ler o que, com um aparelho especial denominado reglete e com uma pulsão, "desenhou" anteriormente ou o que dactilografou com a máquina de escrever Braille. Ou seja, pode ler e escrever com as mãos. No entanto, este método é demasiado específico, restringindo-se aos deficientes visuais.
Essa questão particular foi eliminada a partir de meados dos anos 90 pela introdução dos editores de texto nos computadores. A informática, como o Braille, entrou na vida das pessoas cegas como um vertiginoso meio de integração social, abrindo um horizonte infinito de informação, educação, cultura, mercado de trabalho e comunicação. Com os editores de texto, leitores de ecrã e sintetizadores de voz conjugados, o cego pode trocar e-mails com pessoas de qualquer parte do mundo, ler com total independência qualquer jornal internacional ou nacional, livros passados em scanner, listas de discussão e jogos de entretenimento.
O desenvolvimento da informática veio abrir um novo mundo recheado de possibilidades comunicativas e de acesso à informação. Os softwares existentes (leitores de ecrã e sintetizadores de voz) podem ler toda o ecrã do computador, uma determinada linha seleccionada, uma palavra ou mesmo caracteres, quando temos alguma dúvida sobre o que está escrito. Mas a informatização do segmento dos cegos depende muito dos recursos financeiros individuais, da actualização das instituições de/para cegos, das faculdades e escolas regulares em absorver essas novas necessidades especiais.
Em Portugal, apenas quatro Universidades dispõem de um serviço de apoio ao deficiente, neste caso, de apoio ao deficiente visual: a Universidade do Minho, a Universidade do Porto, de Coimbra e de Lisboa. A formação na área das novas tecnologias da informação está ainda muito limitada para a população cega. No Porto, apenas o serviço de Apoio ao Deficiente da Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade do Porto dá formação nesta área.
O cego não utiliza o rato para trabalhar com o computador, já que ele exige coordenação visual, mas também não usa um teclado Braille. O teclado comum é a ferramenta de que o deficiente visual dispõe para fazer operações no computador. Devido a uma norma internacional de dactilografia, a maioria dos teclados possuem na parte inferior, nas letras J e F, um alto-relevo com a forma de um ponto. Assim, com os indicadores nessas letras eles conseguem ter o domínio do teclado. As teclas de atalho, comuns na maioria dos aplicativos, são também muito úteis e são um óptimo substituto do rato.
Além dos softwares como os leitores de ecrã e os sintetizadores de voz, que traduzem em informação sonora o conteúdo visual do ecrã, existem outro programas como o Openbook e o Jaws que, conjugados, permitem a leitura sonora de qualquer informação em papel. Com o scanner, o Openbook passa o texto do papel para o ecrã e depois o Jaws encarrega-se de traduzir o conteúdo em informação sonora.
Hoje, um cego não só pode navegar pelas páginas da Internet como também produzi-las, participar em chats, ler jornais e revistas, fazer compras, fazer cursos on-line, ter acesso a manuais, informação em geral, a prestadoras de serviços, enfim, quase tudo que a WEB pode oferecer aos seus utilizadores. António Silva, cego e funcionário no serviço de Apoio ao Deficiente da Universidade do Porto, dá aulas de formação na área da informática a deficientes visuais e já produziu algumas páginas para a Internet (www.lerparaver.pt; www.aminharadio.com; blog.aminharadio.com).
Em paralelo com o computador, existe também a possibilidade de traduzir a informação para suporte papel, isto é, para Braille, através de impressoras Braille. No entanto, elas são bastante dispendiosas, para além de o seu processo exigir algum tempo. Há também a possibilidade de trabalhar com o computador e ao mesmo tempo com o sistema Braille, mediante um periférico denominado terminal ou linha Braille. Ligado ao computador, ele permite que o cego se certifique do que escreveu, embora este processo de verificação da escrita possa também ser realizado apenas com o computador, utilizando o teclado e os softwares já mencionados (leitor de ecrã, sintetizador de voz, Openbook e Jaws).
Para as pessoas de reduzida visão, existe um aparelho, designado monitor ampliador, que amplia qualquer texto que seja colocado no aparelho. Com uma pequena câmara de filmar na base, o equipamento capta o texto que se pretende visionar, traduzindo-o para um tamanho superior. Funciona como uma lupa e pode ser calibrado ao nível da cor e da luminosidade.
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