Viver como um pastor sem identidade é mais ou menos assim, ser estigmatizado por ser pastor ouvinte que trabalha com surdos, pelos outros ouvintes sou vítima de preconceito, pois não posso pensar se quer em criar qualquer tipo de sinal porque este tipo de neologismo não cabe a ouvintes, entendo como se fosse um brasileiro tentando criar palavras novas para norte americanos. Isso não significa que devo me desvaler de todo conhecimento sobre a língua gesto-visual, pois se não tenho fluência na mesma, sou mal visto, serei um mal interprete. Porém conheço muitos usuários primários que nem se quer sabem o que tais gestos significam e ainda vivem nos prolegómenos da língua. É pouco comum você conhecer um norte-americano que não saiba falar sua língua materna, mas no universo surdo isso é muito comum. Ensinei a vários.
Conheço muitas pessoas que se decepcionam com este tipo de estigma, um pastor sem identidade com toda certeza é um pastor de surdos, mas precisamos entender que nosso ministério é algo que nos aproxima da visão de João Batista nos escritos Joaninos. É necessário que Ele cresça e que eu diminua. Vivermos de acordo com a vontade de Deus e vencer seu próprio ego e se abster de suas vontades para viver a vontade de Deus.
Viver como um pastor sem identidade é você trabalhar em função de um povo que também te vê como um intruso em seu mundo gesto-visual, quantas vezes, ser ouvinte para muitos significou, ele é só mais um opressor tentando nos manipular com sua cosmo visão discriminatória e autoritária. É viver o resquício da historia como se fossem resquícios de granada vindo em sua direção, você tenta até se livrar, porém mais cedo ou mais tarde um destes estilhaços, irão te alcançar.
Pouquíssimos surdos me agradeceram pelas coisas que sonhei e os ajudei a conquistar, entendo isso como um tipo de analogia sobre a manifestação de Deus em nosso meio, Ele veio até nós para nos mostrar o que devemos fazer, mas o que fazemos? Não agradecemos por se despojar de sua eterna glória, se fazer homem e habitar entre nós. É uma maneira antropomórfica de interpretar nossos dilemas, peço perdão por isso, mas é minha melhor maneira de entender nossa relação com o pai de maneira fenomenológica.
Pastor,
ResponderExcluirO que você escreveu é o que tenho sentido em meu coração. Deus o abençoe. Pra. Sheila