04/01/2007

Deus ama os surdos, Breve historico






Todas as pessoas foram criadas por Deus e para Deus, inclusive os Surdos, Deus os ama profundamente muitos surdos já entendem estas coisas, mas muitos ainda não o que eu e vc estamos fazendo?Para uma cronologia da educação dos surdos
Os sacerdotes tratavam as dores de ouvidos com preparados e soluções de variados produtos que iam da urina de cabra à cinza de asa de morcego e aos ovos de formiga ou lagarto.
Séc. XIII AC - Na Tora, os livros da lei dos hebreus, pode ler-se: «quem dá a boca ao homem? Quem o torna mudo ou surdo, capaz de ver ou cego? Não sou Eu, Javé?» (Êxodo, IV:11), ou «não amaldiçoes o mudo nem coloques obstáculos ao cego» (Levítico, XIX:14).
Ser surdo e ser mudo é a vontade do Senhor e por isso, que pode o homem fazer? E se ao surdo podem ser reconhecidos alguns direitos como cidadão, não lhe é permitido ser proprietário.
Séc. V AC - Sócrates (c. 470-399 AC) afirmou que os surdos têm que usar o gesto e a pantomina.
Hipócrates (c. 460- c. 377 AC), o pai da medicina, pensava que purulência do ouvido era causada por fluidos formados no cérebro e que se escoavam pelo canal auditivo.
Séc. IV AC - Aristóteles (384-322 AC) terá dito que os surdos eram também mudos. Embora pudessem emitir sons não podiam falar e era-lhes vedado, por isso, o acesso à razão.
As civilizações que se desenvolveram em torno do Mediterrâneo parecem ter mostrado pouco interesse na sobrevivência dos que nasciam com o estigma da diferença física. Talvez a dificuldade do diagnóstico precoce da surdez tenha salvo muitas vidas…
534 - O Codex Justinianus, do imperador bizantino (527-565), que reúne o Direito Romano e vai influenciar as novas nações latinas, nega os direitos civis aos surdos congénitos, como o casamento e a propriedade.
Séc. XIII - Relata-se a cura de uma pessoa surda por Santa Isabel da Hungria.
Séc. XV - O holandês Rudolphus Agricola (1443-1485) escreveu em De Inventione Dialectica sobre um surdo que aprendeu a escrever e exprimia assim os seus pensamentos, no que é o primeiro relato que testemunha a educação de uma pessoa surda.
Séc. XVI - Girolano Cardano (1501-1576), médico, contradiz o sábio Aristóteles e teoriza que a audição e o uso da fala não são indispensáveis à compreensão das ideias e que a surdez é mais uma barreira à aprendizagem do que uma condição mental.
Pedro Ponce de León (1520-1584), monge beneditino, dedicou-se à educação de crianças surdas da nobreza castelhana. O seu método incluía a dactilologia, a escrita e a fala. Aos alunos falava-se por meio de gestos e escrita e pedia-se que respondessem de forma oral. Podiam participar na missa e confessar-se, falavam grego, latim e italiano e discutiam física e astronomia. Isto é, estavam aptos a conservar a herança paterna.
1561 - Em Veneza, Gabriele Fallopio, nas Observationes anatomicae, faz a primeira descrição clara da membrana timpânica e descobre a cóclea.
1563 - Bartolomeo Eustachius descobre a trompa com o seu nome e a sua ligação ao ouvido interno, que descreve na Epistola de auditus organis.
Em Vila Real parece ter vivido uma “mestra de moucos”, que também se dedicava à medicina.
1575 - Lasso, jurista espanhol, concluiu que os surdos que aprendem a falar deixam de ser mudos e devem ter direitos hereditários.
1620 - Juan Pablo Bonet (1579-1633), que também se ocupou da educação de surdos da corte espanhola, publicou Reducción de las letras y arte para enseñar a hablar a los mudos. Reclamando embora a única autoria da sua arte, é possível que o seu trabalho tenha sido inspirado em Ponce de León e também em Ramirez de Carrión (1579-1652). Sendo considerado um dos mais antigos defensores da metodologia oralista, iniciava o processo pela aprendizagem das letras do alfabeto manual, passando ao treino auditivo, à pronúncia dos sons das letras, depois as sílabas sem sentido, as palavras concretas e as abstractas, para terminar com as estruturas gramaticais.
1644 - Em Inglaterra, o médico John Bulwer (1614-1684) publica Chironomia, or the Art of Manuall Rhetorique, onde descreve centenas de gestos e defende que a linguagem da mão é a única que é natural para todos os homens e especialmente os surdos. Quatro anos depois, escreve o interessante Philocophus: or, The Deafe and Dumbe Mans Friend, onde fala sobre as possibilidades de o homem surdo se exprimir por meio de gestos, bem como o porquê de os filhos dos surdos não serem sempre surdos.
1680 - No mesmo país, George Dalgarno (1628-1687), filólogo e professor em Oxford, publica The Deaf and Dumb Man’s Tutor, com muitas teorias para ensinar a linguagem aos surdos. O alfabeto manual parece-lhe o mais prático e aconselha as mães a nomear um objecto apontando-o e soletrando-o com os dedos.
1700 - Johann Konrad Amman (1698-1774), também médico, publica A Dissertation Speech. Interessa-se pelo ensino de surdos e descobre que eles podem sentir as vibrações da voz e coloca-lhes as mãos na garganta enquanto ensina. E usa espelhos no treino da fala, que pretende clara e bem controlada.
1749 - Buffon apresenta um relatório à Academia das Ciências sobre o método de ensino de Jacob Rodrigues Pereira (1715-1790). Este espanhol de nascimento e de ascendência portuguesa é geralmente considerado o primeiro professor de surdos em França. Surdo, segundo Seguin, fazia jurar segredo aos alunos sobre os seus métodos. Introduziu o alfabeto gestual espanhol e o ensino da leitura. Baseava-se numa orientação natural do desenvolvimento da linguagem, treinando o ouvido dos que tinham audição residual e recorrendo a exercícios para melhorar a observação, a leitura labial e o tacto. O seu trabalho haveria de inspirar o estudo de Itard sobre o selvagem de Aveyron (1801) e Seguin, no desenvolvimento do método fisiológico para a educação dos atrasados mentais.
1760 - Thomas Braidwood (1715-1806) abre uma escola em Edimburgo, baseada numa metodologia de base oral e gestual. Manteve os seus métodos em segredo familiar, mas parece que combinava um alfabeto bimanual com gestos, escrita e leitura.
1776 - Charles Michel de l’Épée (1712-1789), conhecido como Abbé de l’Épée, publica Instruction de Sourds et Muets par la Voix des Signes Méthodiques. Já antes tinha aberto a primeira escola pública para surdos, em Paris. Tinha como objectivo que em França todos os surdos aprendessem a ler e a escrever. Considerava insuficiente a linguagem natural dos surdos, que tinha aprendido, e inventou os signes méthodiques, para integrar a gramática da língua francesa.
1778 - Por esta altura, Samuel Heinike (1729-1790) dirige em Leipzig a primeira escola de ensino exclusivamente oral para surdos na Alemanha, rejeitando todos os outros métodos que qualificava de inúteis e fraudulentos. Os dois envolveram-se numa polémica epistolar sobre os respectivos métodos de ensino, que ficaram conhecidos como método francês e método alemão. Em França, Ernaud (1740-1800) manifesta-se contra o uso do alfabeto manual, que impedia a leitura labial, estragava a articulação, paralisava a actividade orgânica necessária à fala e era inútil à sociedade.
1784 - Abba Silvestri abre a primeira escola italiana, em Roma.
1790 - Roch Ambroise Sicard (1742-1822) sucede a L’Épée no novo Instituto Nacional de Surdos-Mudos de Paris. Simplifica o método daquele em benefício do significado no contexto concreto em que a expressão se produzia. No instituto são agora mais os professores surdos do que os ouvintes.

1800 - Alessandro Volta (1745-1827), físico, inventa a pilha electrolítica neste ano. Num dos seus relatos afirma ter experimentado ligar uma bateria a duas varinhas que introduziu nos ouvidos. Quando ligou o circuito sentiu um «abalo na cabeça» seguida do barulho de uma espessa sopa a ferver. Foi a primeira estimulação eléctrica do ouvido. Experiências realizadas nos 50 anos seguintes nunca ultrapassaram a sensação auditiva momentânea e a falta de qualidade tonal. Por esta data há notícia do estabelecimento, em Londres, de F. C. Rein, a primeira manufactura de próteses auditivas, principalmente trompas e cornetas acústicas produzidas em pequenas quantidades.
1807 - Peter A. Castberg funda a primeira escola para crianças surdas na Dinamarca, onde utiliza o método francês.
1808 - Jean-Marc Itard (1774-1838) apresenta na Sociedade da Faculdade de Medicina as memórias Sur les moyens de rendre la parole aux sourds-muets e Sur les moyens de rendre l’ouïe aux sourds-muets, acompanhado de seis alunos a quem havia ensinado a compreensão e produção da fala. O seu método parte do treino da detecção e discriminação dos sons, depois vogais e a seguir consoantes. Começa então a segunda parte de programa dedicada ao treino da fala, baseado em sílabas distintas que os alunos deviam aprender a ler e a escrever, acedendo depois às palavras e às frases simples.
1815 - Thomas Hopkins Gallaudet (1787-1851), americano, vem à Europa para conhecer os diferentes métodos de educação dos surdos. Chegado a Londres, a família Braidwood recusa transmitir-lhe o seu método, mas assiste a uma conferência de Sicard, que acompanha no regresso a Paris e com quem estuda. No ano seguinte volta aos EE UU acompanhado por Laurent Clerc, discípulo de Sicard e um dos primeiros professores surdos, para o auxiliar na criação de uma escola.
1817 - Gallaudet e Clerc abrem em Hartford o Connecticut Asylum for the Education and Instruction of Deaf and Dumb Persons, primeira escola permanente nos EE UU. Começam por ensinar uma mescla de LSF (langue des signes française), francês gestualizado e de inglês e acabaram por optar pela ASL (american sign language). Em França, Bébian, no Instituto de Paris considerou os gestos metódicos pouco satisfatórios para a compreensão das frases e adoptou a LSF na educação dos surdos.
1821 - Itard publica um tratado onde reconsidera a sua posição anterior. É agora sua convicção de que a língua gestual é a língua natural dos surdos e pode proporcionar as mesmas vantagens da linguagem falada. E se tal não sucedia, devia-se a que os surdos viviam entre ouvintes e não na comunidade de surdos. Mas mantém que os surdos devem também aprender a expressar-se pela fala e a compreender a linguagem oral. Nesta data, Jean Batiste Graser (1766-1841), na Baviera, abre uma escola experimental em que os surdos estão integrados com ouvintes, mas beneficiam de apoio pedagógico especial. Em 1854 o sistema deixa de ser permitido. Por, alegadamente, prejudicar as crianças ouvintes.
1823 - Em Portugal, é fundado o Instituto de Surdos-Mudos e Cegos, e, por decisão do Rei D. João VI, chamado o especialista sueco Pär Aron Borg para o orientar. A abertura oficial da educação para surdos-mudos e cegos na Luz foi em 1 de Março de 1824, após portaria de 18 de Fevereiro de 1824 do Intendente Geral de Polícia, mais tarde publicada no Diário do Governo de 16 de Dezembro de 1847. Em primeiro lugar receberam-se os alunos vindos da Casa Pia (sendo 4 do sexo masculino e 8 do sexo feminino, todos eles pobres), com idades entre os seis e os catorze anos, todos surdos-mudos, com excepção de um menino cego. Pär Aron Borg teve um papel muito importante no ensino dos surdos em Portugal, que com ele aprenderam a comunicar através de um alfabeto manual e também da língua gestual de origem sueca. O método de ensino do Instituto de Estocolmo foi adaptado para o ensino em Portugal. O alfabeto manual inventado por Borg foi adoptado pela Suécia, Portugal e Finlândia.
1834 - O Instituto da Luz foi integrado na Casa Pia, criando-se a secção dos Surdos-Mudos, que, em decadência, encerra em 1860.
1836 - O médico Blanchet, director do Instituto Nacional de Surdos de Paris, propõe a educação conjunta de surdos e ouvintes e sugere que os institutos sejam reservados aos órfãos.
1838 - Itard, agora médico do Instituto de Paris, retoma os trabalhos de Nicolas Deleau sobre tratamento de catacterismo da trompa de Eustáquio e obtém resultados apreciáveis de recuperação de audição com alguns alunos. Marca o início da recuperação cirúrgica da surdez do ouvido médio.
1840 - Na Alemanha, F. Moritz Hill (1805-1874) descreve uma aplicação dos princípios do método natural de Pestalozzi na educação de crianças surdas, que sintetiza deste modo: «o ensino da língua falada está em tudo».
1848 - O ministério francês da educação aprova várias escolas integradas, que depois são encerradas por questões económicas.
1853 - William Wilde e Joseph Toynbee, britânicos, publicam importantes tratados que vêm conferir respeitabilidade clínica e científica à otologia, o primeiro na área da cirurgia e o segundo sobre a patologia do ouvido médio.
1854 - Rémi Valade (1809-1890), professor ouvinte do Instituto de Paris, escreve Essai sur la Grammaire du Langage Naturel des Signes.
1855 - Duchenne de Boulogne experimenta a estimulação do ouvido com corrente alternada. Os resultados continuam a não ser satisfatórios, já que a sensação obtida se assemelhava «ao bater das asas de uma mosca entre a cortina e os vidros da janela».
1856 - J. S. Brown publica A Vocabulary of Mute Signs e marca nos EE UU o início de um estudo da língua gestual que só será retomado mais de cem anos depois. Em França, Pélisser, professor e poeta surdo publica a Iconographie des Signes.
1857 - É criado no Brasil o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, baseado no método combinado. Em meados do século havia mais de cento e cinquenta escolas europeias e vinte e seis nos EE UU que utilizavam a língua gestual nas aulas. Neste país, um terço dos professores de surdos eram surdos.
1867 - O abade Lambert, capelão do Instituto de Paris, publica um catecismo bilingue, com uma soberba iconografia gestual.
1868 - Brenner estuda os efeitos da sensação auditiva produzida electricamente, fazendo variar a polaridade, a tensão e a intensidade do estímulo. Os seus resultados mostram que a audição é melhor com o estímulo que produz uma polaridade negativa no ouvido.
1870 - Notícia de um liceu, em Lisboa, para surdos, dirigido pelo Pe. Pedro de Aguilar, onde o ensino era gratuito.
1872 - Alexander Graham Bell (1847-1922) abre uma escola oralista para professores de surdos, em Boston. No ano seguinte regista a patente do telefone. Torna-se presidente da associação americana para impulsionar o ensino da fala aos surdos. O seu eugenismo parece não ter limites: propõe a eliminação das escolas residenciais, a proibição do magistério aos professores surdos e mesmo a do casamento entre surdos. Em Guimarães, Aguilar cria um instituto, onde ensina língua gestual e escrita, que fecha mais tarde por dificuldades financeiras.
1873 - O Congresso Italiano de Professores de Surdos-mudos considera que os gestos só são necessários para a comunicação inicial com os alunos mas devem ser totalmente eliminados assim que a utilização da palavra o permita.
1876 - É fundada a Rochester School for the Deaf, que viria a criar um método próprio, associando a dactilologia e a fala, tanto na linguagem compreensiva como expressiva.
1877 - O mesmo Aguilar abre novo instituto, desta vez no Porto. à sua morte passa a ser dirigido pelo sobrinho, Eliseu de Aguilar.
1878 - Em Paris, o I Congresso Internacional sobre a Instrução dos Surdos-Mudos aprova uma resolução considerando que só a instrução oral pode incorporar o surdo na sociedade e que o método articulatório, que inclui a leitura labial devia ser preferido a todos os outros.
1880 - Em Milão, o II Congresso Mundial culmina todo este processo aprovando duas resoluções que se vão repercutir durante quase um século:
1. O Congresso, considerando a superioridade incontestável da fala para incorporar os surdos-mudos na vida social e para lhes proporcionar uma maior facilidade de linguagem, declara que o método da articulação deve ter preferência sobre os gestos na instrução e na educação dos surdos e dos mudos.
2. Considerando que a utilização simultânea dos gestos e da fala tem a desvantagem de prejudicar a fala, a leitura labial e a precisão das ideias, o Congresso declara que o método oral puro deve ser preferido. Estas recomendações foram aceites pelas delegações alemã, italiana, francesa, inglesa, sueca e belga., Só o grupo americano, liderado por Edward Miner Gallaudet (1837-1917), se opõe. Dos 255 participantes, só três eram surdos. O método oral torna-se indiscutível.
1887 - Em França, os professores surdos são passados à reforma.
Eliseu Aguilar fecha a escola do Porto e abre o Instituto Municipal de Lisboa, que recebe alunos dos dois sexos em internato e semi-internato. Ensinava a fala e a língua gestual.
1890 - William James, no American Annals of the Deaf, relata o estudo de duas pessoas surdas que, usando exclusivamente gestos, exprimiam conceitos abstractos e metafísicos.
1893 - No Porto, o Instituto Araújo Porto adopta o método oral puro, também dito método intuitivo.
1894 - O National Deaf-Mute College, em Washington, passa a chamar-se Gallaudet College.
1900 - No Congresso Internacional de Paris, mais conciliador, Edward M. Gallaudet, propõe que uma instrução oral inicial, proporcionada a todos, só fosse continuada com os que dela pudessem beneficiar. A sua proposta foi amplamente rejeitada. Os professores surdos tiveram que reunir-se em separado O congresso proclamou de novo a superioridade da fala sobre os gestos e declarou a sua adesão ao Congresso de Milão.
1901 - Na clínica Politzer, em Viena, Ferdinand Alt inventa a prótese auditiva eléctrica, baseada na tecnologia do telefone.
1905 - O Instituto Municipal de Lisboa volta a ficar na dependência da Casa Pia. O Provedor adopta o método intuitivo oral, isto é, o método oral puro.
1910 - Os psicólogos Alfred Binet (1857-1911) e Theodore Simon publicam um estudo sobre o valor do método oral onde afirmam que, no caso dos surdos, o pensamento se desenvolve antes da linguagem.
1911 - Expoente da escola alemã, na obra O método da pureza da oralidade, Johannes Vatter (1842-1916) não tem dúvidas. «só a estreita senda do método oral puro conduz a uma linguagem viável e adequada aos requisitos últimos da vida».
1912 - É publicado o primeiro catálogo de aparelhos eléctricos para a surdez.
1913 - Aurélio da Costa Ferreira, director da Casa Pia, organiza um curso de formação especializada para professores do ensino de deficientes auditivos, marcando uma tendência médico-pedagógica no ensino especial e oficializando o método oral em Portugal.
1914 - Max Goldestein inicia o Central Institute for the Deaf e cria o método acústico, uma abordagem áudio-oral da educação das crianças surdas. Freiras franciscanas criam em Lisboa o Instituto da Imaculada Conceição, para meninas surdas.
1922 - Em Portugal, a secção dos Surdos-Mudos da Casa Pia passou a chamar-se Instituto Jacob Rodrigues Pereira.
1923 - Lohlan e Krauz constróem um vibrador de condução óssea.
1925 - Um engenheiro da companhia inglesa de telefones descobre que a transposição das frequências agudas na zona dos graves melhora a inteligibilidade da palavra.
1930 - Weaver e Bray demonstram que as respostas eléctricas registadas na proximidade do nervo auditivo de um gato eram similares em frequência e amplitude aos sons a que o ouvido tinha sido exposto.
1932 - Hugo Lieber aperfeiçoa o vibrador mastoideu, atingindo uma qualidade de reprodução que impõe o seu sistema até ao fim da 2ª Guerra.
1933 - Meister ensaia pela primeira vez aparelhos amplificadores para facilitar a desmutização.
1934 - Um grupo de surdos cria no Porto o "Grupo Recreativo de Surdos-Mudos do Porto".
1935 - Malberle, Vilenski e Herman, no Instituto Nacional des Surdos de Paris, propõem o uso de aparelhos individuais pelos jovens surdos.
1936 - Os investigadores russos Gersuni e Volokhov experimentam os efeitos da estimulação eléctrica da audição. Relatam que a audição podia ser produzida mesmo após a remoção cirúrgica do tímpano e dos ossículos do ouvido médio, pelo que concluem ser a cóclea o lugar da estimulação, embora ignorem os mecanismos envolvidos. É criado em Lisboa o Club Os Mudos. É muito provável que se conversasse por lá.
1941 - Pintner e outros fazem a revisão da informação disponível sobre a inteligência das pessoas surdas e concluem que, apesar de alguns resultados contraditórios, as crianças surdas têm uma inteligência inferior.
1945 - Até esta data a amplificação obtida era pouco eficaz nos casos de surdez severa e profunda. As necessidades da guerra trouxeram amplificadores electrónicos menores, mais fiéis e seguros. A Beltone desenvolve uma prótese auditiva que pesa 550 gramas.
1947 - O Instituto Araújo Porto passa a ser dirigido pelas freiras franciscanas e exclusivamente dedicado à educação de meninas.
1950 - Durante uma operação neurocirúrgica, Lundberg estimula directamente o nervo auditivo de um paciente que, todavia, não escutou senão ruído.
1951 - É fundada a Federação Mundial de Surdos (WFD) em Roma.
1952 - O professor Tato, da Universidade de Buenos Aires, descobre que deslocando as frequências uma oitava para os graves, alguns surdos ouvem melhor do que com o registo normal da palavra. Diversas companhias colocam no mercado próteses retroauriculares (BTE), possíveis desde a criação do transistor.
1953 - Os estudos de H. Myklbust levam-no a atribuir uma natureza concreta à inteligência das pessoas surdas, considerando que a surdez restringe o aluno surdo ao mundo dos objectos concretos e das coisas. Petar Guberina cria em Zagreb o método verbo-tonal ou SUVAG, de reabilitação áudio-oral. São fabricadas as primeiras próteses a transístores e são aplicados à amplificação sistemas de transposição e compensação de frequências.
1954 - É fundado o Grupo Desportivo de Surdos-Mudos de Lisboa.
1955 - Aparecem novos modelos de prótese auditiva, colocados num molde inserido na orelha, ligeiramente salientes (ATE).
1956 - Amílcar Castelo apresenta o primeiro trabalho, em Portugal, de avaliação da inteligência da criança surda. Os resultados do teste do labirinto de Rey apresentam 50% dos casos abaixo do limiar normal e as matrizes de Raven atribuem deficiência mental a 60% . A causa estaria na perda ou atraso da linguagem, déficit que implica a forma abstracta do pensamento para concluir que a criança surda não é deficiente mental e que os testes de performance são o meio mais adequado de avaliar a inteligência do surdo.
1957 - Djourno e Eyries são pioneiros da cirurgia correctiva da surdez neurossensorial. A colocação de eléctrodos no nervo auditivo durante uma operação permitiu ao paciente distinguir sons de diferentes tonalidades e palavras como papa, maman, allo. Os seus resultados pareciam mostrar que o nervo auditivo não podia ser estimulado com frequências superiores a 1 KHz, essenciais para a compreensão do discurso. É criado o Colégio de São Francisco de Sales.
1958 - Em Manchester, o Congresso Internacional sobre o Moderno Tratamento Educativo da Surdez vem pôr fim ao longo monopólio do método oral puro na maior parte dos países europeus. E consagra a sua renovação, o método materno-reflexivo do holandês Van Uden. Em Lisboa é fundada oficialmente a Associação Portuguesa de Surdos (APS), por despacho do Ministro da Saúde e Assistência.
1959 - As prótese intra-canal (ITE) tornam-se possíveis com o fabrico de pilhas muito pequenas.
1960 - William Stokoe (1920-2000), director do laboratório de pesquisas linguísticas do Gallaudet College desenvolve o conceito de querema como equivalente gestual do fonema e publica Sign Language Structure. Com este trabalho inicia-se o reconhecimento da ASL como língua genuína com uma estrutura complexa que ultrapassa em muito uma imitação rudimentar do discurso oral, como quase todos pareciam acreditar.
1961 - Nos EE UU, o trabalho de Quigley e Frisina, depois de comparar o rendimento de crianças surdas filhas de pais surdos e de pais ouvintes, encontrou resultados superiores em vocabulário e soletrar dactílico bem como em rendimento educativo nos primeiros, enquanto os segundos eram superiores na inteligibilidade da fala.
1964 - O Paget-Gorman Sign System é utilizado pela primeira vez numa experiência de educação de surdos adultos. Trata-se de um sistema gestual artificial que respeita todo o sistema gramatical do inglês. Mais tarde foi usado com crianças surdas, deficientes mentais e motoras. A Zenith fabrica e comercializa a primeira prótese com um circuito integrado. Robert Weitbrecht, surdo, cria o telefone de texto, um aparelho que permite aos surdos comunicar por escrito através de uma linha telefónica vulgar. Doyle relata a inserção de um feixe de quatro eléctrodos na cóclea de um paciente com surdez neurossensorial total. Os resultados foram considerados satisfatórios, o paciente conseguia repetir frases. Furth publica Thinking Without Language, onde afirma que os surdos podem compreender e aplicar conceitos tão logicamente como as pessoas ouvintes. Os resultados inferiores em certas provas cognitivas devem-se tanto à falta de experiência do mundo como das próprias condições dessas provas que favorecem um background de domínio da linguagem oral. É criado o Instituto de Surdos de Bencanta (Coimbra).
1965 - Surge o Cued-Speech ou Palavra Complementada, técnica criada por Orin Cornett, então vice-presidente da Gallaudet University. É um sistema de apoio à leitura lábio-facial que elimina as confusões e pretende tornar totalmente inteligível o discurso falado. Os gestos associados são totalmente desprovidos de significado e destinam-se a esclarecer a informação presente nos lábios, o que faz do CS um sistema oral. Downs, Starrit e Squires, nos EE UU, são os primeiros a propor e realizar o teste acústico neo-natal para despistagem da deficiência auditiva. A Direcção-Geral da Assistência integra os Estabelecimentos de Educação Especial e cria dois centros para assegurar o seu funcionamento; o COOMP, Centro de Observação e Acompanhamento Médico-Pedagógico, para seleccionar as crianças e o CFAP, Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Pessoal, para a formação especializada do pessoal desses estabelecimentos. É criado o Instituto de Surdos do Funchal.
1966 - Struckless e Birch concluem que a comunicação gestual precoce facilita o desenvolvimento linguístico das crianças surdas. Em Portugal, o art.º 138º do Código Civil continua a dispor a interdição do exercício dos seus direitos a todos «aqueles que por motivo de anomalia psíquica, surdo-mudez e cegueira se mostrem incapazes de governar as suas pessoas e bens», que todavia só se exercerá no termo de sentença judicial. O interdito por surdo-mudez mantém plena capacidade matrimonial, testamentária e para perfilhar.
1967 - Roy Holcomb introduz a expressão Total Communication como filosofia de comunicação, não propriamente um método. A TC envolve diferentes modalidades comunicativas, oral, gestual, escrita, desenho, mímica, dependendo das diferentes necessidades das crianças e dos seus estádios particulares de desenvolvimento. Portman, Aran e Yoshie identificam o potencial de acção global do nervo coclear, a partir de um eléctrodo colocado no promontório, técnica que passa a permitir medições objectivas da audição em crianças com poucos meses de idade.
1968 - São criados o Instituto de Surdos de Ponta Delgada e o Instituto de Surdos do Porto (depois Instituto António Cândido).
1969 - A Wilco alemã patenteia e fabrica a primeira prótese com microfone direccional. É criado o Instituto de Surdos de Beja.
1970 - Vernon e Koh concluem que os filhos de pais surdos são significativamente superiores em rendimento académico, leitura, vocabulário e escrita aos surdos filhos de pais ouvintes. Mas, na sua maioria, esses valores são muito inferiores aos valores estabelecidos para os alunos normo-ouvintes. Jewett descreve pela primeira vez o exame no homem dos potenciais evocados auditivos do tronco cerebral (PEATC), método que veio tornar possível a avaliação objectiva da surdez em qualquer idade e que é ainda o melhor método disponível.
1972 - Os circuitos integrados permitem o fabrico de próteses com processos de compressão e a redução dos ruídos do ambiente. Em Portugal, são criadas pelo ME as Equipas de Ensino Especial Básico e Secundário. É eleito o primeiro presidente surdo da APS, Fernando Pinto.
1973 - A Divisão do Ensino Especial da DGEB/ME apresenta o Programa de Compensação Educativa. Estima-se que têm atendimento 80% dos surdos em idade escolar. O normal é que o ensino primário seja cumprido nos estabelecimentos especiais, sob a tutela do MAS, durante oito anos. Depois são maioritariamente encaminhados para oficinas de treino profissional. Há 50 surdos profundos a frequentar o ciclo preparatório (com uma média de idade elevada). O programa propõe-se integrar mil crianças com qualquer grau de deficiência no primário e cem no 2º ciclo num período de seis anos. Para tal propõe-se também especializar um professor por cada 20 alunos (primário) ou por cada dez (ciclo preparatório). É criada em Lisboa a APECDA, Associação de Pais para a Educação de Crianças Deficientes Auditivas, que vai introduzir em Portugal o método verbo-tonal, de reabilitação áudio-oral.
1974 - A renovação pedagógica em Portugal leva as Divisões do Ensino Especial da DGEB e da DGES, com apoio do Programa de Cooperação Luso-Sueco a fomentar a formação de docentes e técnicos, o desenvolvimento tecnológico e a investigação na educação dos surdos. Criou-se a Delegação do Porto da APS.
1975 - Na Suécia, Inger Ahlgren inicia uma experiência envolvendo famílias de pais surdos e ouvintes de crianças surdas de utilização da língua gestual como primeira língua dessas crianças.
1976 - São constituídas as Equipas de Ensino Especial Integrado em Portugal.
1977 - Em França, Bernard Mottez chama a atenção para o «direito que os surdos têm de se constituir em minoria linguística».
1978 - Na Grã-Bretanha, o Warnock Repport chama a atenção para as crianças com necessidades educativas especiais e para a necessidade de as escolas criarem condições para o seu acolhimento no ambiente menos restritivo possível.
1979 - Ursula Bellugi e Edward Klima publicam The Signs of Language. Julia Maestas Moores estuda a comunicação gestual de crianças surdas filhas de pais surdos e encontra as mesmas sequências de desenvolvimento, interacção e de estádios linguísticos que se encontram nas crianças ouvintes. Suzanne Borel-Maisonny, ortofonista, promove a primeira experiência pedagógica baseada no bilinguismo, numa classe com duas professoras, uma ouvinte e outra surda, apesar de tal ser, ao tempo, ilegal em França. Em Varna, Bulgária, o 8º Congresso da WFD reclama ainda a melhoria dos métodos de ensino, melhores meios para o desenvolvimento das capacidades intelectuais e da expressão oral das crianças privadas da audição. É criada a APECDA-Porto.
1980 - Para avaliar a situação da educação oralista cem anos após o Congresso de Milão, reuniu o simpósio internacional Oral Education Today and Tomorrow. O seu presidente, Van Uden, afirma na introdução das actas que a comunicação oral é a verdadeira opção para a pessoa surda. Bornstein elabora um sistema bimodal chamado Signed English, para utilizar simultaneamente com a palavra falada. Recupera os gestos da ASL e acrescenta catorze marcadores para indicar o tempo, o plural, etc. e organiza o discurso de acordo com a sintaxe inglesa. A Divisão do Ensino Especial da DGEB e o Lab. de Fonética da FLUL editam Mãos que Falam, de Maria Isabel Prata, primeira obra destinada a divulgar a Língua Gestual em Portugal.
1981 - Criação do Sign Writing.
1982 - Danielle Bouvet, em La Parole de l’Enfant Sourd, propõe uma metodologia de ensino bilingue, em que a LG é considerada como língua materna e a língua dos ouvintes como segunda língua. O Secretariado Nacional de Reabilitação organiza o primeiro curso para intérpretes de LGP, orientado pelos monitores José Bettencourt e João Alberto Ferreira.
1983 - O governo sueco reconhece oficialmente a língua gestual como a língua nativa dos surdos suecos. Primeira experiência portuguesa de bilinguismo verbal-gestual, promovida por Sérgio Niza, na escola de A-da-Beja.
1984 - A Universidade do Wisconsin e a Nicolet Corp. constróem a primeira prótese totalmente digital, transportada no corpo. A Equipa do Ensino Especial Integrado da DGES-Aveiro organiza as 1.as Jornadas Científico-Pedagógicas sobre Deficiência Auditiva para reconhecer que «os surdos tendem a ficar prisioneiros dos dados perceptivos, a permanecer numa atitude concreta» e que «porque se não preveniu, há que remediar. E reeducação significa: diagnóstico precoce, aparelhamento adequado, desmutização, informação esclarecida e acompanhamento da família».
1985 - O Secretariado para a CEE da Federação Mundial dos Surdos divulga que três quartos dos surdos escolarizados da CE possuem níveis de expressão oral insatisfatórios para a comunicação quotidiana.
1986 - A Criança Deficiente Auditiva, Situação Educativa em Portugal, estudo do Serviço de Educação da FCG, chama a atenção para a necessidade de diversificar as respostas e metodologias educativas, em face dos resultados então recolhidos.
1987 – O Parlamento Europeu apela aos estados membros para que reconheçam as línguas gestuais e para que estam façam parte de educação das crianças surdas. A Nicolet constrói a primeira prótese BTE digital. Só foram fabricados três protótipos.
1988 - O protesto estudantil “Deaf President Now” conduz I. King Jordan à presidência da Gallaudet University. A Widex produz uma prótese digital com comando remoto manejável para conforto do utilizador e para programar o instrumento.
1989 - A Lei 9/89, Lei de Bases da Prevenção e da Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência estabelece que a pessoa surda é uma pessoa com deficiência e, como tal goza do direito à reabilitação.
1990 - Nos EE UU, a Food and Drugs Administration aprova a realização de implantes cocleares em crianças a partir dos dois anos (posteriormente o limite desceu para os dezoito meses). A Danavox introduz uma potente prótese no mercado com um sistema de supressão digital do feedback. Em Portugal, o Decreto-Lei 35/90 define a obrigatoriedade da escolaridade básica para os alunos com necessidades educativas especiais.
1991 - O ministério da educação dinamarquês estabelece a possibilidade de todas as crianças surdas poderem estudar a língua gestual nas escolas como primeira língua. Em França, a lei estabelece pela primeira vez como um direito a liberdade de escolha entre uma educação bilingue ou uma educação oral. Em Portugal, o Decreto-Lei 319/91 vem instituir o Regime Educativo Especial, definindo uma orientação para todos os deficientes, que conduziu à integração generalizada dos surdos nas escolas regulares da sua área de residência. É fundada, em Lisboa, a FEPEDA, Federação Europeia de Pais das Crianças Deficientes Auditivas. Foi fundada, em Lisboa, a Associação de Intérpretes de Língua Gestual Portuguesa - AILGP.
1992 - Primeira edição do Gestuário – Língua Gestual Portuguesa, do Secretariado Nacional da Reabilitação, por protocolo com a DGEB, trabalho coordenado por António Vieira Ferreira. Na Bélgica, o Ministério da Promoção Social nomeia como peritos os primeiros professores surdos e responsabiliza-os pela organização do primeiro curso em língua gestual reconhecido oficialmente com o nível secundário. Na continuidade, foi organizada a formação de professores surdos, com a atribuição de diploma de regentes.
1993 - Nos EE UU é aprovado o Individuals with Disabilities Education Act (IDEA). O Departamento da Educação estabelece a Política de Inclusão, que garante a todas as crianças com incapacidade o direito a frequentar as escolas regulares locais. As escolas residenciais para surdos são consideradas meios muito restritivos e muitas fecham por falta de alunos. Mas o número de professores surdos aumenta 16%, com maiores oportunidades no ensino público. No 1º Congresso Nacional de Surdos, reunido em Coimbra é aprovada a Carta Social da Pessoa Surda, onde se reclama que «seja reconhecido à pessoa surda o verdadeiro direito à igualdade, mantendo o direito de ser diferente, ou diferente mas igual».
1994 - A Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais adopta a Declaração de Salamanca, que afirma a «importância da língua gestual como meio de comunicação entre os surdos (...) deverá ser reconhecida e garantir-se-á que os surdos tenham acesso à educação na língua gestual do seu país. Em Portugal, a profissão de intérprete de LGP passa a constar da tabela nacional de profissões do IEFP.
1995 - Declaração de Consenso da NIH dos EE UU conclui que crianças com IC apresentam progressos graduais e continuados na percepção e na produção do discurso ainda que ocorra uma substancial e inexplicada variabilidade de desempenhos. O acesso a serviços educativos e de reabilitação de qualidade é considerado crítico. Em Viena, o XII Congresso da WFD não ignora que até agora «o objectivo tem sido mudar o surdo para torná-lo ouvinte. Por essa razão os Direitos Humanos não estão a ser respeitados no caso das pessoas surdas. O respeito pelos Direitos Humanos requer que cada ser humano seja visto como uma possibilidade e não como um problema».
1996 – A Resolução 48 da ONU acentua a necessidade de prever a utilização da língua gestual na educação, no seio das famílias e das próprias comunidades e garantir a presença de intérpretes como mediadores da comunicação. Na norma 6 chama a atenção para a especificidade da educação das crianças surdas, que pode aconselhar escolas especiais e classes ou unidades especializadas em estabelecimentos regulares. A Widex lança no mercado a primeira prótese ITE totalmente digital e a Oticon apresenta uma BTE capaz de separar os sons em sete bandas tonais e que utiliza dois processadores de fala, um para as vogais e outro para as consoantes.
1997 - A Deafness Research Fundation propõe uma campanha nacional nos EE UU para conquistar a surdez, implantando o IC precocemente em todas as crianças surdas. A Declaração de Nápoles - Carta Europeia dos Direitos dos Pais é proclamada pela FEPEDA que reclama informação completa, apoio de qualidade e participação na tomada de decisões. Em Portugal, a Lei 1/97 introduz na Constituição a incumbência de o estado proteger e valorizar a LGP como expressão cultural e instrumento de acesso à educação e da igualdade de direitos das pessoas surdas. António Barreto, nos jornais, chamou-lhe a constitucionalização do manguito.
1998 – Em resolução de 17 de Junho, o Parlamento Europeu reconhece as línguas gestuais como direito das pessoas surdas, apela ao seu reconhecimento pelos estados membros e à formação de intérpretes de LG através dos programas de emprego. Em França, o Congresso da FNSF propõe que a sigla LS passe a significar langue sourde em substituição de langue des signes. O Despacho n.º 7520 da SE da Educação e da Inovação reconhece a necessidade de um ambiente escolar bilingue e define as condições para a criação e funcionamento das unidades de apoio à educação de crianças e jovens surdos em estabelecimentos públicos do ensino básico e secundário e da organização da competente resposta educativa.
1999 – A Assembleia da República aprova a Lei 89, que define as condições de acesso e exercício da actividade de intérprete de língua gestual. Por comodidade de leitura e economia de espaço, as entradas desta cronologia não aparecem cotejadas com as fontes que permitiram redigi-las. Mas existem, quase todas indirectas, e são as que abaixo se arrolam. Os que buscam exactidão nas datas, nomeadamente as mais antigas, farão o favor de confirmar as fontes.

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